Natal do Senhor – Abertura da Porta Santa e Santa Missa na noite de Natal

Por: Santa Sé

HOMILIA DO PAPA FRANCISCO

Um anjo do Senhor, envolto em luz, ilumina a noite e traz aos pastores a boa nova: «Anuncio-vos uma grande alegria, que o será para todo o povo: Hoje, na cidade de David, nasceu-vos um Salvador, que é o Messias Senhor» (Lc 2, 10-11). Entre o espanto dos pobres e o canto dos anjos, o céu abre-se sobre a terra: Deus fez-se um de nós para que fossemos como Ele, desceu para o meio de nós a fim de nos reerguer e nos reconduzir ao abraço do Pai.

É esta, irmãs e irmãos, a nossa esperança. Deus é o Emanuel, é Deus connosco. O infinitamente grande se fez pequeno, a luz divina brilhou nas trevas do mundo, a glória do céu apareceu na terra. Como? Na pequenez de uma Criança. E se Deus vem, mesmo quando o nosso coração parece uma pobre manjedoura, então podemos dizer: a esperança não está morta, a esperança está viva e envolve a nossa vida para sempre! A esperança não desilude.

Irmãs e irmãos, com a abertura da Porta Santa iniciámos um novo Jubileu: cada um de nós pode entrar no mistério desse anúncio de graça. Esta é a noite em que a porta da esperança foi escancarada para o mundo; esta é a noite em que Deus diz a cada um: há esperança também para ti! Há esperança para cada um de nós. Mas não esqueçais, irmãs e irmãos, que Deus perdoa tudo, Deus perdoa sempre. Não esqueçais isto, que é uma maneira de compreender a esperança no Senhor.

Para acolher este dom, somos chamados a pôr-nos a caminho com o espanto dos pastores de Belém. O Evangelho diz que eles, tendo recebido o anúncio do anjo, «foram apressadamente» (Lc 2, 16). Esta é a indicação para reencontrar a esperança perdida, para a renovar em nós, para a semear nas desolações do nosso tempo e do nosso mundo: apressadamente. E existem tantas desolações neste tempo! Pensemos nas guerras, nas crianças metralhadas, nas bombas nas escolas e nos hospitais. Sem demorar, sem abrandar o passo, mas deixando-se atrair pela boa nova.

Apressadamente, vamos ver o Senhor que nasceu para nós, com o coração leve e desperto, pronto para o encontro, para podermos então traduzir a esperança nas situações da nossa vida. E esta é a nossa tarefa: traduzir a esperança nas diferentes situações da vida. Porque a esperança cristã não é um final feliz que deve ser aguardado passivamente, não é um happy end de um filme: é a promessa do Senhor a ser acolhida aqui e agora, nesta terra que sofre e geme. Ela pede-nos, portanto, que não nos demoremos, que não nos arrastemos nos hábitos, que não nos detenhamos na mediocridade e na preguiça; pede-nos – como diria Santo Agostinho – que nos indignemos com as coisas que não estão bem e tenhamos a coragem de as mudar; pede-nos que nos façamos peregrinos em busca da verdade, sonhadores que nunca se cansam, mulheres e homens que se deixam inquietar pelo sonho de Deus, que é o sonho de um mundo novo, onde reinem a paz e a justiça.

Aprendamos com o exemplo dos pastores: a esperança que nasce nesta noite não tolera a indolência dos sedentários e a preguiça dos que se acomodaram no seu próprio conforto – e muitos de nós corremos o risco de nos acomodar no próprio conforto –; a esperança não admite a falsa prudência dos que não se arriscam por medo de se comprometerem e o calculismo dos que só pensam em si próprios; a esperança é incompatível com a vida tranquila dos que não levantam a voz contra o mal e contra as injustiças cometidas diretamente sobre os mais pobres. Pelo contrário, a esperança cristã, ao mesmo tempo que nos convida a esperar pacientemente que o Reino germine e cresça, exige de nós a audácia de antecipar hoje essa promessa, através da nossa responsabilidade, mas não só, através também da nossa compaixão. E aqui talvez nos faça bem questionar a nossa compaixão: será que tenho compaixão? Sei sofrer com? Pensemos nisso.

Olhando para a forma como muitas vezes nos acomodamos neste mundo, adaptando-nos à sua mentalidade, um grande padre escritor rezava assim no Santo Natal: «Senhor, peço-vos um pouco de tormento, inquietação e remorso. No Natal, gostaria de me encontrar insatisfeito. Contente, mas também insatisfeito. Contente por causa do que fazeis, insatisfeito por causa da minha falta de respostas. Tirai, por favor, a nossa falsa paz e colocai um punhado de espinhos na nossa “manjedoura” que está sempre muito cheia. Ponde nas nossas almas o desejo de algo mais» (A. Pronzato, La novena di Natale). O desejo de algo mais. Não fiques parado. Não esqueçamos que a água parada é a primeira a se corromper.

A esperança cristã é precisamente o “algo mais” que nos pede para avançarmos “apressadamente”. Realmente, nós, discípulos do Senhor, somos convidados a encontrar n’Ele a nossa maior esperança e a levá-la sem demora, como peregrinos de luz nas trevas do mundo.

Irmãs, irmãos, este é o Jubileu, este é o tempo da esperança! E ele convida-nos a redescobrir a alegria do encontro com o Senhor, chama-nos a uma renovação espiritual e compromete-nos na transformação do mundo, para que este se torne verdadeiramente um tempo jubilar: que seja assim para a nossa mãe Terra, desfigurada pela lógica do lucro; que seja assim para os países mais pobres, sobrecarregados de dívidas injustas; que seja assim para todos aqueles que são prisioneiros de antigas e novas escravidões

A nós, a todos nós, o dom e o compromisso de levar a esperança onde ela se perdeu: onde a vida está ferida, nas expectativas traídas, nos sonhos desfeitos, nos fracassos que despedaçam o coração; no cansaço de quem já não aguenta mais, na solidão amarga de quem se sente derrotado, no sofrimento que consome a alma; nos dias longos e vazios dos encarcerados, nos aposentos estreitos e frios dos pobres, nos lugares profanados pela guerra e pela violência. Levar esperança nestes lugares, semear esperança nesses locais.

O Jubileu abre-se para que a todos seja dada a esperança, a esperança do Evangelho, a esperança do amor, a esperança do perdão.

Votemos ao presépio, olhemos para o presépio, observemos a ternura de Deus manifestada no rosto do Menino Jesus, perguntemo-nos: «Há no nosso coração esta expetativa? Há no nosso coração esta esperança? […] Ao contemplar a bondade de Deus que vence a nossa desconfiança e os nossos medos, contemplemos também a grandeza da esperança que nos aguarda. […] Que esta visão da esperança ilumine o nosso caminho quotidiano» (C. M. Martini, Homilia de Natal, 1980).

Nesta noite, irmã, irmão, é para ti que se abre a “porta santa” do coração de Deus. Jesus, Deus-connosco, nasce para ti, para mim, para nós, para cada homem e mulher. E, sabes, com Ele a alegria floresce, com Ele a vida muda, com Ele a esperança não desilude.

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