Estamos iniciando, em toda a Igreja, o período quaresmal, que é para todos nós um retiro para refletirmos como tem sido nossa caminhada cristã. Muitas vezes não gostamos de olhar para nossa vida porque exigirá de nós as mudanças que nos desinstala de nossa comodidade, mas é esse o caminho que nos trará a Salvação.
A primeira questão que nos chama a atenção no Evangelho de hoje é a figura do deserto. O deserto aparece em várias passagens bíblicas. Este é o local da austeridade, da introspecção, do olhar para dentro de si. No deserto não dá para viver com “penduricalhos” ou coisas desnecessárias, devemos levar somente o essencial. Quando Jesus se retira para o deserto, Ele se despoja de todas as possíveis coisas que o mundo poderia Lhe oferecer e reza, em seu coração, a missão que o Pai lhe confiou.
Temos, então, três tentações com as quais Jesus é provado. A primeira se refere ao pão mediante a fome de Jesus. Está ligada diretamente à confiança nos bens materiais. Não podemos depositar nossa vida nos bens terrenos como fim último de nossa existência. A segunda tentação é o desafio do Diabo para que Jesus se lance do precipício e se refere à busca dos “caminhos fáceis” da vida com o uso de gestos grandiosos, atitudes vistosas e espetaculares. A via de Cristo não será através de grandes espetáculos e, sim, do serviço, amor e a pregação do Reino. Na terceira tentação, o tentador oferece todos os reinos do mundo, querendo fazer de Jesus um rei humano. Cristo sabe que seu Reino não é deste mundo, os poderes mundanos são falhos, ilusórios e perversos.
As tentações de Cristo são também as nossas. No deserto de nossa vida somos chamados a optar pelo caminho de Jesus e de sua Igreja. Que neste itinerário quaresmal possamos estar abertos à conversão, configurando nossa vida a de Jesus.