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Dom Inácio: uma vida de santidade

Terminado o Pontifical, Dom Gerardo Ferreira Reis, Bispo de Leopoldina, pronunciou o seguinte elogio fúnebre:

A enfermidade

Desde janeiro deste ano, viveu a Diocese de Guaxupé uma vida de dor que se foi avolumando, à medida em que os dias passavam. É que o Pastor da Diocese fora rudemente ferido pela mão da Providência. Aquele cujos lábios cândidos, a cada momento, leigos e sacerdotes, ouviam a palavra “santo” como designação que atribuía a todos, fora julgado maduro para a passagem do tempo à eternidade.
Leigos e sacerdotes queriam se enganar a si mesmos querendo alimentar uma esperança que sentiam fugir de seus corações. A doença grave abatia o corpo mortificado do Pastor. Parecia não poder abater-lhe o ânimo. E a reação heroica do Pastor que já não podia sair com seus próprios pés ao encalço das almas e se sentia necessitado de ir a elas pelas mãos caridosas de auxiliares incansáveis, vinha agravando rápida e progressivamente a doença.
Nos últimos dias o gigante do dever perdia sensivelmente as forças. A esperança de melhoras fugia célere dos corações aflitos dos filhos amorosos.
A Diocese viveu suspensa durante três dias. No leito branco do hospital, um varão forte, momento a momento, se definhava. Ao redor daquele leito, que era para o enfermo uma cruz, o clero, angustiado, se prostrava imóvel, não mais alimentando uma esperança, mas vivendo uma angústia. Os fiéis, sofredores, se mantinham firmes, não mais à espera de uma melhora, mas padecendo com o enfermo querido. Choravam as almas com as lágrimas marcantes da tristeza que imperava em todos os rostos. Choravam os corações com o sofrimento que denunciava o ambiente.

A morte diante de sua vida

Choravam os olhos com as lágrimas quentes da dor que feria um corpo apenas, mas amargurava milhares de corações. E ontem, consternada, a Diocese toda, dos maiores aos mais humildes, recebeu a notícia amarga: faleceu Dom Inácio.
Não há coração humano que haja conhecido o grande Bispo que não chore agora, comovidamente, o seu desaparecimento. A Diocese bem sabe o que significa a sua perda.
Há quase 11 anos se habituou a ver nele o Pastor infatigável, o Pai solícito e o “Santo” homem de fé. Na verdade, Dom Inácio foi o Pastor infatigável. Não conhecia canseiras. Não escolhia trabalho. Foi um programa vivo numa vida apostólica.
Se o ir à procura das ovelhas é a característica do pastor, se conhecer as ovelhas é a marca gloriosa do pastor, se defender as ovelhas contra os ataques do mal é grandeza suprema do pastor, Dom Inácio foi, na exigência significativa da palavra, o Bom Pastor.
A Diocese o via por toda parte. Não há recanto desta zona sul mineira em que ele não tenha ido. Pelas estradas poeirentas e difíceis, pelos caminhos lamacentos e perigosos, lá ia Dom Inácio, com a sua barba branca, na sua figura patriarcal. Semeando a semente da Palavra de Deus e, como se não bastasse o vigor indiscutível de sua palavra oral, semeava ainda o ensinamento escrito pela simplicidade encantadora de suas nove pastorais, culminando com aquela pequena carta, tão densa e tão viva, sobre o sofrimento.
O púlpito foi a sua atividade constante, como o confessionário o seu lugar preferido. Ali ele semeava. Aqui ele colhia. A semente da Palavra de Deus que ele vestia com a roupagem simples de sua palavra humilde, mas ungida, frutificava em toda a Diocese. E ele ia colhendo os frutos no confessionário incansável para guardá-los todos no seio misericordioso daquele Deus que ele soube amar a cada momento e no coração daquela Igreja a que ele serviu a cada instante de sua vida.

Um bispo conhecedor da sua diocese

A Diocese conhecia bem seu Bispo, mas ele conhecia melhor sua Diocese. Não queria conhecer por conhecer, mas conhecer para amar. Não tinha a preocupação por conhecimentos que se realizassem somente na finalidade das contingências naturais. Queria conhecer para fazer o bem. Daí sua solicitude em percorrer cidades, aldeias e aglomerados humanos para conhecer as necessidades de seus diocesanos. E como Dom Inácio as conhecia! Conhecia-as não como pesquisador frio que apenas estuda, objetivamente, fenômenos, apontando causas e indicando soluções. Não. Conhecia-as como o Pastor que, a par do esforço para conhecer de perto causas e soluções, procurava viver essas necessidades para não ser a mão que fere quando procura curar e nem o remédio que amarga quando procura sanar, mas mão que cura com amor e procura remediar com carinho.

Um pastor na defesa de suas ovelhas

A Diocese sabia que ele era o Pastor na defesa de suas ovelhas. Confiava nele porque sabia que seu cajado episcopal não era apenas um símbolo. Era uma grande realidade. Quando os lobos apareciam ― e os lobos parece que fugiam diante da bondade encantadora de seu olhar de doçura e de seu sorriso de bondade ― , nunca temeu as suas investidas e entrava na luta sem temor e mesmo quando todos os cálculos humanos lhe pareciam desfavoráveis, lutava com denodo e a vitória era segura porque o Pastor lutava com os olhos fixos no Céu, com o coração perdido no coração de Deus e com as mãos carinhosas de quem procura muito mais defender as ovelhas do que abater os inimigos.
Mas se Dom Inácio foi o Bispo zeloso que pregava a Palavra de Deus, que conhecia as suas ovelhas e as defendia sem desfalecimentos, ele foi, sobretudo, o Bispo grande que pregou com o argumento decisivo de uma vida de santo. Antes de ensinar com a palavra, ensinava com exemplo. Ninguém dele se aproximava sem levar alguma coisa de Deus, de quem sua alma vivia plenamente. Ninguém que lhe falasse que não recebesse, de seu olhar angélico e de seu sorriso fácil, a impressão de que se ouvia um homem vivendo só para Deus e para a Igreja de Cristo.
Alma simples, gostava de viver com simplicidade. (…). Alma piedosa, gostava de falar de Deus. Sua linguagem simples nunca fez outra coisa senão falar de Deus. Mas, falava mais, muito mais, com o exemplo do que com o som glótico de sua composição fonética ou de seu valor semântico.

Amor pelos padres

Mas Dom Inácio, que foi tudo isso ― e muito mais ― para as suas ovelhas, foi, acima de tudo, amigo de seu clero. O Seminário, sementeira de onde se tiram os futuros ministros do Altar, foi sua preocupação. Viveu para ele. O majestoso prédio do “Seminário São José” é apenas uma pequena prova de seu carinho pela obra das vocações sacerdotais.
De volta de suas visitas pastorais, quando então se dava sem reservas ao trabalho junto dos fiéis, a primeira coisa que fazia era a visita ao Seminário. Queria conhecer os futuros sacerdotes. Com eles se entretinha não apenas com os contatos gerais, mas, duas vezes ao ano, conversava com cada um em particular, procurando estudar-lhes as tendências vocacionais e infundindo-lhes maior amor ao sacerdócio.
Sua maior forma de doação, porém, era o seu Clero que ele amava terna e efetivamente. Se sabia ser Pastor das ovelhas, sabia magnificamente ser Pastor dos pastores. Sacerdote algum, em momento algum, deixou de encontrar sempre aberto seu grande coração. Sem nunca alterar sua voz, mesmo nos momentos mais difíceis, quando seu coração sangrava de dor e seus olhos derramavam lágrimas de sofrimento, conseguia corrigir sem ferir e fazer se obedecer sem rancores.

O amor dos padres pelo seu bispo

O Clero o amava de verdade. Sabia o tesouro que possuía e, ao sofrimento que experimenta pela perda de um grande Bispo, junta a dor pelo desaparecimento de um grande pai. Que lição viva soube dar ao seu Clero! Ensinava muito mais com o exemplo que com a palavra. Todos os Sacerdotes, os mais antigos e os mais novos, todos os Sacerdotes se acercavam dele na certeza de encontrar alguém que os compreendia e os amava.
Agora, esse Pastor grande é chamado pelo Pastor Supremo. Deus o julgou maduro para o Céu. A diocese, compungida, chora sua morte. Os fiéis, desolados, pranteiam seu desaparecimento. Os Sacerdotes, mergulhados em dor, lamentam sua perda.

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