O SACRAMENTO DO MATRIMÔNIO
Dom José Lanza Neto
Bispo Diocesano
É impossível falar do
sacramento do Matrimônio sem falar da centralidade e do amor, elemento central
para aqueles que se dispõem a viver um caminho a dois. Esse tema, muitas vezes,
parece ter se esgotado em seu significado mais profundo e, assim, caminhamos
somente na superfície, isso quando não ignoramos por completo sua relevância na
vida humana como atitude constituinte de suas relações. O amor deve estar em
tudo o que fazemos e construímos.
O sacramento do
matrimônio tem suas características próprias, mas a que mais se destaca é
evidentemente o amor. Um amor indivisível, único e duradouro, capaz de suportar
tudo e dar sentido a todas as situações que o possam envolver.
O amor esponsal
supera a ideia de simples sentimento, entra nas profundezas das relações entre
duas pessoas: o homem e a mulher. Quando existe o amor, existe uma
complementação total e absoluta, não sobrando espaço para sentimentos e
impressões intrusos.
Deus não se engana e
não nos engana. Ele é prova maior de que o amor é eterno. O Amor verdadeiro
chega ao ponto de doer, como nos ensina Santa Teresa de Calcutá, segundo ela, é
necessário amar até doer, esse é o amor verdadeiro, testado e aprovado.
O amor entre o homem
e a mulher deve ser livre, espontâneo, marcado pelo mútuo conhecimento e uma
autêntica promessa de fidelidade. Essa porção do amor entre o homem e a mulher
faz nascer a vida, os filhos e, por sua vez, os filhos fazem acontecer a
alegria e a esperança de que o amor é duradouro e vai se multiplicando sempre.
O que há de mais sagrado
e partilha-se apenas entre os cônjuges é o Amor, que perpassa tudo na vida
familiar, desde as coisas simples aos momentos difíceis da caminhada. A vida
familiar se torna uma célula viva na sociedade. Como afirma a Igreja, a família
é Igreja doméstica, assim, podemos também dizer que a família é uma forma de
sociedade doméstica. Tudo que se passa na Igreja se passa na família, o que se
passa na sociedade se passa também na família.
A família é guardiã
da Igreja e da sociedade e todas as suas complexidades. É preciso apostar na
família e incentivar os jovens para que acreditem e a constituam com coragem,
apesar de todos os percalços enfrentados no mundo pós-moderno e numa realidade
de pós-verdade.
É certo que o Cristo
sustenta nossas decisões e se faz presente sempre, por mais que pareça
contraditório, o mundo continua a ser espaço de missão e presença dos cristãos,
ensinados e fortalecidos em família. Quando Cristo escolheu seus discípulos e
escolheu a nós, nos garantiu que sua presença e sua força sempre estariam
conosco.
É fundamental colocar
em evidência o mundo da família e do Sacramento do matrimônio e, isso, depende
de nós, da Igreja e do próprio Deus. Jesus vindo ao mundo, Deus quis precisar
de uma família para acolher seu Filho Amado. Sem a família, a humanidade fica
empobrecida. Sem a família, o ser humano fica à deriva, sem referência e passa
a construir castelos mirabolantes sem base e sem estrutura.
É difícil caminhar em
família, pois ela nos desafia, mas se faz necessário e urgente lutar pela unidade
e permanência de nossas famílias.