Pe. José Augusto da Silva
A vida humana é, indiscutivelmente, o ápice da criação. O ser humano é chamado a se tornar imagem de Deus – como resposta ao chamado à vida. Posto isso, temos uma tarefa a ser cumprida: gratidão a Deus por nos ter chamado à vida e responsabilidade no cuidado com a vida que se manifesta de modos variados no cosmos.
Gratidão e alegria são nossa resposta ao chamado que Deus nos fez à vida. Ele nos criou com um gesto de amor, assim como nos salvou por atitude amorosa e, do mesmo modo, nos mantém vivazes por amor. Não temos nenhum mérito, nenhuma contrapartida feita para merecermos esse precioso dom. Um presente! Por isso nossa gratidão e nossa alegria. Todo esforço teológico, de ontem e de hoje, é lembrar o Deus caritas est – Deus é amor. Ele não pode negar sua essência, sua natureza mais premente: ser um ser amoroso.
Convencidos
do amor de Deus, agradecidos por tamanha generosidade, independentemente de
nossos méritos, resta-nos a tarefa: cuidar da casa comum. Cuidar da vida
humana, desde sua concepção até seu ocaso.
Como cristãos, além de defender a vida intrauterina, devemos promover e defender a vida em todas as suas dimensões: a vida das crianças ameaçada pela fome e pela subnutrição; a vida dos adolescentes e jovens ameaçada por uma educação de má qualidade; a vida de homens e mulheres banida do mundo do trabalho; a vida dos anciãos ameaçada por uma cultura do descarte. Assim como somos radicais na defesa de políticas antiaborto, devemos, também, ser defensores de políticas públicas que ofereçam oportunidades iguais aos irmãos carentes e em situações desfavoráveis.
Não
menos importante é nossa atenção com a vida do planeta e do cosmos: nossa ação
predatória, egóica e irresponsável poderá nos precipitar para o chamado “ponto
de não retorno”. Cada um precisa fazer sua parte no cuidado com o planeta, a
começar por uma mudança rigorosa de hábito, por exemplo, na maneira como
lidamos com os descartes em nossas casas. A vida humana e a vida do planeta
precisam de nossos redobrados cuidados.
O Natal do Senhor se
aproxima! Tempo de revisão de vida e tempo de renovada esperança. Diante da
manjedoura de Belém, sintamo-nos comprometidos com a defesa e promoção da vida.
Que ninguém se sinta excluído e que ninguém se sinta alijado da Festa do Deus
conosco. Ele vem ao mundo para trazer o céu, o Reino, para todos. Celebrar a
chegada da criança dourada é sentir-se agradecido pela bondade de Deus e
compromissado com a defesa e promoção da vida.