Hoje, amados filhos, nasceu nosso Salvador. Alegremo-nos.
Não pode haver tristeza no dia em que nasce a vida; uma vida que, dissipando o
temor da morte, enche-nos de alegria com a promessa da eternidade.
Ninguém está excluído da participação nesta
felicidade. A causa da alegria é comum a todos, porque nosso Senhor, vencedor
do pecado e da morte, não tendo encontrado ninguém isento de culpa, veio
libertar a todos. Exulte o justo, porque se aproxima da vitória; rejubile o
pecador, porque lhe é oferecido o perdão; reanime-se o pagão, porque é chamado à
vida.
Quando chegou a plenitude dos tempos, fixada pelos
insondáveis desígnios divinos, o Filho de Deus assumiu a natureza do homem para
reconciliá-lo com seu Criador, de modo que o demônio, autor da morte, fosse
vencido pela mesma natureza que antes vencera.
Amados filhos, demos graças a Deus Pai, por seu
Filho, no Espírito Santo; pois, na imensa misericórdia com que nos amou,
compadeceu-se de nós. E quando estávamos mortos por causa de nossas faltas, ele
nos deu a vida com Cristo (Ef 2,5) para que fôssemos nele uma nova criação,
nova obra de suas mãos.
Despojemo-nos, portanto, do velho homem com seus
atos; e tendo sido admitidos a participar do nascimento de Cristo, renunciemos
às obras da carne.
Toma consciência, ó cristão, de tua dignidade. E já que participas da natureza divina, não voltes aos erros de antes por um comportamento indigno de tua condição. Lembra-te de que cabeça e de que corpo és membro. Recorda-te que foste arrancado do poder das trevas e levado para a luz e o reino de Deus.
Pelo sacramento do batismo te tornaste templo do
Espírito Santo. Não expulses com más ações tão grande hóspede, não recaias sob
o jugo do demônio, porque o preço de tua salvação é o sangue de Cristo