Em 1914, prestou serviços na Cúria Diocesana, sendo nomeado subsecretário do arcebispado e encarregado de zelar pelo arquivo. Ao lado do arcebispo metropolitano, foi operoso secretário. De 1913 a 1919, foi redator do “Boletim Eclesiástico”, distinguindo-se desde então na imprensa com os célebres artigos e comentários, frutos de sua inteligência e fi no gosto literário. Celebrizou-se pela série de artigos em torno da ascese sacerdotal, entre outros temas. Em 1915, foi nomeado cônego efetivo e catedrático da Sé Metropolitana de São Salvador da Bahia.
Bispo de Guaxupé
A partir de pesquisas nos arquivos da Cúria Diocesana de Guaxupé, relata-se que, no dia 16 de março de 1920, Dom Jerônimo Thomé da Silva, arcebispo de São Salvador da Bahia, leu a carta expressa da Nunciatura Apostólica ao então cônego Ranulpho, informando-lhe que o Papa Bento XV o nomeava bispo residencial da Diocese de Guaxupé (MG). Foi ofi cialmente nomeado bispo em 22 de abril de 1920.
Tendo demorado a chegarem ao Brasil as bulas pontifícias, os paramentos e as insígnias episcopais, vindos de Roma, não foi possível realizar a ordenação de monsenhor Ranulpho no dia previsto, 15 de agosto. Enfim, a cerimônia aconteceu na Catedral de São Salvador da Bahia, no dia 12 de setembro do mesmo ano, quando o novo bispo completava apenas 33 anos. Adotou como lema episcopal Per ipsum et cum ipso et in ipso (Por Ele e com Ele e n’Ele).
Dom Ranulpho se dirigiu para a nova diocese, primeiramente, embarcando no navio “Bahia”, com escala breve no Rio de Janeiro, antiga capital federal, onde se reuniu com monsenhor Filippe Cortesi, na Nunciatura Apostólica, sobre a realidade da diocese a qual governaria.
Seguiu para São Paulo e visitou a Basílica em Aparecida (SP). Chegou a Guaxupé, de trem especial, na tarde de sábado, 27 de novembro de 1920, acompanhado por uma significativa comitiva.
Acolhido na estação ferroviária, Dom Ranulpho fez a sua saudação, dizendo: “venho em nome de Deus, mandado pelo seu augusto representante na Terra, realizar uma tarefa nobilíssima, que é a de encaminhar os homens para o Céu”.
No dia 28 de novembro do mesmo ano, primeiro domingo do advento, o novo bispo tomou posse na catedral, antes de presidir a Celebração Eucarística. Depois de lidas as bulas pontifícias e do discurso pronunciado pelo cônego José Filipe da Silveira, entoou-se o “Te Deum”. Muitos padres e fiéis estavam presentes. À tarde, o bispo foi calorosamente visitado e cumprimentado por diversas associações e famílias locais; à noite, foi oferecido um banquete.
Dando continuidade à obra de Dom Assis, o jovem bispo Dom Ranulpho foi o consolidador da recente diocese. Com vigor apostólico, a partir de 1921, fez diversas visitas pastorais.
Jornalista por vocação, fundou o “Jornal Diocesano”: órgão oficial da diocese que levou a doutrina católica e notícias por toda a região do sul de Minas.
Em 1922, por determinação do bispo, houve, em Guaxupé, uma “Santa Missão”. Também nesse ano, foi criada a “Liga Católica”, formada somente por homens.
Em 1920, a Diocese de Guaxupé instituiu o Seminário Diocesano Nossa Senhora Auxiliadora. Porém, a abertura e o decreto oficial foram realizados em 1923, por Dom Ranulpho. Foi nomeado como primeiro reitor do seminário o padre José Faria de Castro. O jovem bispo dinamizou o seminário e estabeleceu o curso superior de Filosofia e Teologia, para a formação de dezenas de sacerdotes.
Desde a sua chegada à sede de Guaxupé, Dom Ranulpho salientou a necessidade da construção de um bom prédio, em lugar mais acessível para residência permanente dos prelados dessa diocese, não muito distante da catedral. No dia 23 de março de 1924, benzeu solenemente a pedra angular do futuro paço episcopal (palácio episcopal), inaugurado em 12 de setembro de 1926.
Durante o seu governo na diocese, escreveu cartas pastorais, pelas quais orientava os fiéis na doutrina católica.
Arcebispo de Maceió e últimos anos
Depois de dezenove anos de proveitoso e edificante apostolado em Guaxupé, foi nomeado pelo Papa Pio XII, em 5 de agosto de 1939, arcebispo metropolitano de Maceió (AL). Tomou posse em 23 de novembro de 1939, sendo o quarto bispo e terceiro arcebispo de Maceió.
Segundo a Revista Eclesiástica Brasileira (junho de 1964), Dom Ranulpho, na Arquidiocese de Maceió, concentrou suas energias na organização oficial da Ação Católica. Desde o início, voltou suas atenções para a difusão do ensino religioso. O Seminário Arquidiocesano também foi dinamizado pelo arcebispo. Homem dedicado à organização administrativa, trabalhou na restauração e no desenvolvimento do arquivo arquidiocesano. Criou paróquias para intensificar os núcleos de vida cristã nas comunidades. Foram marcas no período de pastoreio do sr. arcebispo os memoráveis dias do Congresso Eucarístico de Ação Católica Provincial Arquidiocesano.
Ausente da sede arquiepiscopal, por algum tempo em tratamento de saúde, faleceu num sábado, 19 de outubro de 1963, em Salvador (BA), seu estado natal, em meio à sua veneranda família. Estava com 76 anos. Seus restos mortais estão sepultados em Salvador.
Governou a Diocese de Guaxupé em fase de organização e em um período de grave carência de clero, deixando na diocese traços marcantes de um verdadeiro e dinâmico apóstolo. Homem de prudência, de equilíbrio e de coisas bem planejadas. Sereno e ponderado por natureza, agia com firmeza e vontade inquebrantável.
Com o coração de pastor e pai solícito, percorreu incansavelmente as paróquias da diocese, em tempos de estradas rudimentares e serviços de precários meios de comunicação, deixando em cada uma a orientação de sua prudência e de sua cultura. Zeloso com a juventude, abriu vários institutos. Foi o bispo que por mais tempo governou a Diocese de Guaxupé, até o presente momento. Desde jovem, dedicou sua vida a Cristo, vivendo por Ele, com Ele e n’Ele…