“NASCEU-VOS HOJE UM SALVADOR” (Lc 2, 11)
Dom José Lanza Neto
Bispo de Guaxupé
Essa é a mensagem do anjo trazida aos pastores, homens simples que cuidavam de seu rebanho e que foram surpreendidos pela luz gloriosa do Senhor. Assim, se iniciava um novo tempo para toda a humanidade, quando recebemos o Menino Deus, Jesus Cristo, nosso Mestre e Senhor.
Todos os anos, quando nos aproximamos do Natal, somos acalantados por essa verdade de fé que reaquece os nossos corações. A Palavra de Deus vem ao nosso encontro para tornar possível a toda a humanidade uma experiência transformadora de para nossas vidas. As trevas que habitam em nós, ao se aproximar da gloriosa Luz de Deus, não permanecem as mesmas e são iluminadas gradualmente pela presença d’Aquele que se faz tudo em todos (cf. Cl 3, 11).
As luzes, sinal presente de que vivemos um tempo diferente do resto do ano, deveriam ajudar-nos a fazer uma reflexão profunda: nós, cristãos de hoje, estamos verdadeiramente sendo luz no mundo em que vivemos (cf. Mt 5, 14)?
Há tantas experiências e espaços que precisariam da Luz de Deus. A presença dos discípulos de Cristo poderiam ser justamente o instrumento que o Senhor utilizaria para agir na vida de irmãos e irmãs que sofrem de tantas formas em nossos dias. O Papa Francisco nos chama à atenção para uma ação caritativa que não faça uma seleção daqueles que queremos ajudar, mas que o compromisso com a caridade seja amplo e não excludente. “A proposta é fazer-se presente a quem precisa de ajuda, independentemente de fazer parte ou não do próprio círculo de pertença” (Fratelli Tutti, 81).
A salvação, gratuitamente ofertada por Deus a todos os seus filhos, deve nos inspirar a compreendermos nosso papel como servos do Senhor e, assim, agir de modo dedicado em nossa realidade humana para que ajamos neste Natal com uma consciência samaritana.
Ao caminharmos pelas estradas da vida, devemos perceber quais são os irmãos e as irmãs que nos solicitam ajuda e nos empenharmos verdadeiramente em auxiliá-los, estendo nossas mãos com nossa presença, muitas vezes tão necessária, quanto a ajuda material. Há muitas periferias em nosso mundo, grande parte delas marcadas não só pela pobreza material, mas pela perda do sentido da vida. Há uma imensa multidão incapacitada de ver a luz que nos vem do céu.
Anunciar a beleza do Natal e a salvação iniciada com a vinda do Filho de Deus entre nós nos compromete a sermos anunciadores e profetas da presença de Deus em nosso meio e isso deve colocar-nos diante de uma triste constatação: muitos de nós não possuem condições de compreender o grande sinal que celebramos no Natal, Deus quis se fazer pequeno para justamente se aproximar daqueles que mais sofrem. Favoreçamos com nossos dons para que todos experimentem de forma iluminada o grande presente que recebemos: Deus conosco!
Um santo e abençoado Natal. Que as luzes do Céu iluminem todas as realidades humanas e nos inspirem um novo ano com esperança, caridade e fé.