OS SAGRAMENTOS NA VIDA DA IGREJA: O BATISMO
Dom José Lanza Neto
Bispo de Guaxupé
A Igreja está alicerçada num tripé: Palavra, Eucaristia e Sacramentos. É o que dá vida à Igreja e a sustenta na sua grande empreitada neste mundo.
A Palavra é iluminadora, dá sentido à missão, encoraja os cristãos na fé, é sempre oportuna, gera perdão e comunhão, cria vínculos e desperta para o compromisso autêntico no serviço aos mais necessitados. A Palavra de Jesus foi, é e sempre será uma palavra de esperança, alegria e libertação.
A Eucaristia é o alimento cotidiano que proporciona vida nova, sustenta a fé e conduz a todos no caminho do bem. A cada domingo, a comunidade cristã se reúne para celebrar a Páscoa do Senhor, assim o cristão recebe a força divina e o sentido da vida, cumprindo o preceito dominical. Em cada celebração, a comunidade se renova por inteiro, reveste-se do Cristo para ser presença do Senhor no mundo. De certa forma, tudo converge à Eucaristia, ela se torna o centro, o eixo e o ápice de toda a ação e a vida da Igreja.
Os demais sacramentos alimentam a todos a cada tempo, seja nas diversas etapas, momentos ou períodos de vida, sempre trazendo vida nova, conforto, perdão, paz, cura e salvação. Cada sacramento tem seu sentido e significado próprios, cada qual na sua grandeza em que nos aproxima da graça de Deus. Todos eles trazem a marca da grande misericórdia do Deus da vida.
O sacramento do Batismo é o primeiro entre todos, é como se fosse a base, o alicerce para os demais, é possível compreendê-lo como porta de entrada para a experiência comunitária de fé, pois através do rito batismal, o cristão pode receber os outros sacramentos.
O Catecismo da Igreja Católica afirma: “O Santo Batismo é o fundamento de toda a vida cristã, o pórtico da vida no Espírito (porta da vida espiritual) e a porta que dá acesso aos outros sacramentos. Pelo batismo somos libertos do pecado e regenerados como filhos de Deus: tornamo-nos membros de Cristo e somos incorporados na Igreja e tornados participantes na sua missão. (…) O Batismo pode definir-se como o sacramento da regeneração pela água e pela Palavra” (CIC, n. 1213).
A liturgia prevê em alguns momentos, durante o ano litúrgico, quando a comunidade reunida faz a renovação das promessas batismais, oportunidade de resgatar o sentido mais genuíno do sacramento do batismo, exemplo claro da importância das promessas batismais é a Vigília Pascal, quando todos os fiéis renovam seus compromissos de conversão e sua identificação à fé cristã.
O batismo é tão necessário e indispensável, gerador de fé e vida em Deus, que até o Senhor Jesus se apresentou para ser batizado por João Batista no rio Jordão (cf. Mt 3, 13-17; Mc 1, 9-11; Lc 3, 21-22), uma cena marcada por profundo simbolismo: Jesus é batizado por sua própria vontade e assume publicamente a sua essência como Filho amado de Deus e marca o início de seu ministério profético e redentor.
Ninguém pode ter uma vida cristã autêntica sem o mergulho profundo nas águas batismais que nos lavam do pecado, dão a nós uma nova vida, que é marcada pela conversão constante e definitiva, rumo ao Reino de Deus, do qual fomos feitos herdeiros pelo sacrifício de Jesus. O Batismo é sempre uma inesgotável fonte de Vida Nova!