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Dom José Geraldo Oliveira do Valle, CSS
VII bispo diocesano

Primeiros anos e vocação

 

José Geraldo Oliveira do Valle nasceu em Leme (SP), Diocese de Limeira (SP), em 3 de dezembro de 1929. Seus pais foram Antônio Alves do Valle e Henedina Oliveira do Valle. Foi batizado na Igreja Matriz São Manoel, em Leme, no dia 25 de dezembro de 1929, pelo padre Julião Bartholomeu. Sua cidade natal, na época, tinha aproximadamente 4 mil habitantes.

 

Segundo Dom José Geraldo, em entrevista ao Jornal Comunhão, de janeiro de 2015, seu pai foi negociante a vida toda e sua mãe, professora primária durante 35 anos. Seus pais tiveram cinco filhos – três homens e duas mulheres, dos quais, na ordem cronológica, é o segundo. Sua mãe, muito piedosa, participava da Missa diariamente. Era uma professora respeitada e tida como modelo de educadora.

 

José Geraldo fez os estudos elementares nas escolas de sua terra natal. Quando frequentava o curso primário, foi nomeado coadjutor do cônego Manoel Simões de Lima, pároco, o padre Edison Pelice Lício, recém-ordenado sacerdote. Era um padre zeloso, suas celebrações piedosas e querido pelos paroquianos. Lecionava “religião” no grupo escolar e, aos poucos, foi conquistando a amizade dos alunos. Conseguiu arregimentar um grupo razoável de “coroinhas”, e José Geraldo era um deles. Paulatinamente foi falando sobre vocação sacerdotal e quando terminaram o quarto ano do curso primário, convidou os 6 ou 7 coroinhas para entrar no seminário.

Padre Edison entrou em contato com a Congregação dos Estigmatinos em Rio Claro (SP). Em fevereiro de 1941, José Geraldo ingressou na Escola Apostólica Santa Cruz, em Rio Claro, onde cursou os 5 anos do ginásio. No Instituto padre Gaspar Bertoni, em Ribeirão Preto, cursou o colegial, Filosofi a (1949-1950) e Teologia (1951-1954), após ter um ano de noviciado. No fi nal do ano de 1946, emitiu os primeiros votos religiosos, em conformidade com as regras da congregação estigmatina.

 

Sacerdócio e Episcopado

 

Terminado o curso teológico, foi ordenado sacerdote por Dom Luís do Amaral Mousinho, bispo da então Diocese de Ribeirão Preto, na capela do Instituto padre Gaspar Bertoni, no dia 10 de janeiro de 1954. Durante os primeiros sete anos como sacerdote, trabalhou um ano em Ribeirão Preto e seis anos em Rio Claro, como formador. Transferido para Campinas, após ter sido eleito conselheiro provincial, foi ecônomo da Província Santa Cruz, durante 12 anos. Nos finais de semana, oferecia assistência religiosa a três comunidades rurais na Diocese de Limeira, em Limeira. A pedido do Superior Provincial, ingressou na PUC–Campinas, onde se formou em Direito. Na faculdade de Mogi das Cruzes, obteve o título de licenciatura em Filosofia. Em setembro de 1976, foi nomeado pároco da Paróquia Nossa Senhora de Fátima, em Ribeirão Preto, confiada à Congregação Estigmatina, onde atuou por seis anos.

 

No dia 19 de maio de 1982, o papa João Paulo II erigiu a Diocese de Almenara (MG). Nomeando no mesmo dia como bispo residencial o padre José Geraldo, da Congregação dos Santíssimos Estigmas de Nosso Senhor Jesus Cristo. Dom José Geraldo revela: “minha mãe ensinou aos filhos a sempre fazerem a vontade de Deus. Nosso fundador, São Gaspar Bertoni, viveu sua vida buscando descobrir a vontade de Deus e vivê-la com intensidade e a qualquer custo. Isto impregnou minha vida, desde a primeira formação. Daí, meu propósito de nunca solicitar nada à Congregação e à Igreja, mas sempre dizer sim ao apelo de Deus, manifestado pelos superiores nas votações e pelo papa. Sempre assumi prontamente as responsabilidades que me foram confiadas, sempre vendo nelas a vontade de Deus. Quando recebi a nomeação para bispo de Almenara, fui à capela, li a carta com a nomeação na presença do Santíssimo Sacramento e disse a Jesus: ‘Não sei com clareza qual é a missão do bispo, nem sei onde fica Almenara, mas se o Senhor me quer bispo e em Almenara, eis-me aqui’”.

 

Quanto ao brasão e ao lema de episcopado, Dom José Geraldo achou oportuno não tê-los. Foi ordenado bispo em Ribeirão Preto, na Cava do Bosque, no dia 23 de julho de 1982. Seu ordenante principal foi Dom Silvestre Luiz Scandian. Na ocasião, arcebispo de Vitória e antes, bispo de Araçuaí. Ele foi o responsável pelo processo de criação da Diocese de Almenara. Em sua homilia, na Missa de ordenação, disse que o então monsenhor José Geraldo seria um bom bispo se procurasse amar, servir e unir o povo de Deus a ele confiado. Assim, tomou como meta do seu trabalho pastoral essa proposta e tentou vivê-la nas dioceses mineiras de Almenara e Guaxupé. Os consagrantes da ordenação foram Dom José Lambert e Dom Antônio Alberto Guimarães Rezende (seus colegas de turma – ingressaram no seminário na mesma data).

 

Tomou posse em Almenara no dia 5 de setembro de 1982, sendo acolhido na Catedral Diocesana de São João Batista, durante uma cerimônia festiva. Sendo o primeiro bispo de Almenara, teve de organizar a diocese. Não havia casa para o bispo, nem automóveis ou recursos financeiros. Por quatro anos morou na casa paroquial da catedral. Foi cedida ao bispo uma sala na casa paroquial onde funcionava a cúria diocesana. A realidade era desafiante: Tancredo Neves, governador de Minas Gerais, dizia que aquela região, o baixo Jequitinhonha, era o “vale da miséria e da fome” que ele iria transformar em “vale da prosperidade e da fartura”.

 

A diocese atendia a uma área de aproximadamente 13 mil quilômetros quadrados, contando com cerca de 190 mil habitantes. Dos padres que atuavam na região, somente 3 eram diocesanos – monsenhor Soares, 80 anos, monsenhor Lídio, 40 anos e padre Valdir – 32 anos. Os religiosos contribuíram decisivamente para a evangelização na diocese, com a presença de 3 padres franciscanos, 6 verbitas e, ainda, a presença de religiosas, para o atendimento de 150 comunidades rurais. A situação das estradas era precária, todas de terra, malcuidadas e intransitáveis nos períodos de chuva. Nessa época, Dom José Geraldo estava com 52 anos de idade, com boa saúde e desejo de acertar, muita coragem e muito ardor.

 

No início de 1983, aconteceu a primeira assembleia diocesana com participação de padres, religiosas e leigos, agentes de pastoral de todas as paróquias. O bispo sonhava com uma diocese de responsabilidade compartilhada, onde todos tivessem “voz e vez”, com propostas e decisões assumidas por todos. As assembleias aconteceram anualmente e todos aprenderam a caminhar juntos. Esteve presente em todas as comunidades.

 

Bispo de Guaxupé

 

No dia 31 de agosto de 1988, devido à enfermidade de Dom José Alberto, Dom José Geraldo foi eleito bispo coadjutor de Guaxupé. O bispo revela como foi a transição: “dia 31 de agosto de 1988, às 8h, quando a notícia estava sendo publicada em Roma – eu me apresentei a Dom José Alberto. Deus me queria em Guaxupé. Eis-me aqui. A meu pedido, Dom José Alberto convocou o Conselho de Presbíteros: apresentei-me e coloquei-me à disposição da Diocese de Guaxupé. Continuei indo a Almenara como administrador apostólico para dar continuidade às obras em andamento até a chegada de meu sucessor”.

 

Aos 12 de outubro de 1989, Dom José assumiu a Diocese de Guaxupé, como bispo diocesano, na presença de grande número de sacerdotes e fiéis. Naquela época, segundo Dom José Geraldo, “alguns problemas exigiam uma atenção especial”. Entre eles estava a reabertura do Seminário Menor. “Com Dom José Alberto, conseguimos reabri-lo e funcionou no antigo colégio das irmãs concepcionistas, adquirido pela diocese. Em seguida, compramos um prédio de outra congregação religiosa e o adequamos para os seminaristas menores e para os estudantes de Filosofia”.

 

Questionado sobre suas realizações no período em que atuou como bispo de Guaxupé, sua excelência afirma: “a participação na estruturação do centro de estudos de Pouso Alegre e a construção da casa para os teólogos; o empenho na formação para os leigos, em níveis diocesano-setorial e paroquial; a criação de novas paróquias; a ordenação de um número considerável de novos padres; a transformação de todos os conselhos de consultivos para deliberativos; a reestruturação do setor econômico da diocese e outras”.

 

Segundo o bispo, é preciso fazer tudo com alma, com ardor e amor para agradar a Deus. Em entrevista, o bispo destaca: “Minha vida e, também, os 18 anos vividos em Guaxupé foram preciosos e, como dizia São João Paulo II, ser bispo é fascinante – minha vida foi sempre fascinante e feliz”.

 

Dom José Geraldo costuma dizer sobre alguns princípios pessoais de vida que o ajudaram a viver com serenidade e feliz: um deles é viver intensamente cada dia como se fosse o primeiro, o último e o único de sua vida. E o outro: não deixar que os problemas de ontem, nem as preocupações do amanhã venham atrapalhar a beleza do hoje de Deus! De acordo com ele: sobre o passado, não se tem mais poder; sobre o futuro, não sabe se o terá; mas o hoje pode ser vivido intensamente.

 

Novas atuações

 

Em 2005, estando com 75 anos de idade, de acordo com o cânon 401, parágrafo primeiro do Código de Direito Canônico, Dom José Geraldo solicitou sua renúncia ao papa Bento XVI. Acolhendo o pedido de renúncia apresentado por sua excelência, o papa nomeou, no dia 19 de abril de 2006, Dom José Mauro Pereira Bastos, CP, bispo diocesano de Guaxupé.

 

Dessa data até a posse do novo bispo, Dom José Geraldo foi nomeado administrador apostólico da Diocese de Guaxupé. Como bispo emérito, permaneceu na diocese, morando com Dom José Mauro no palácio episcopal até o falecimento deste, em 14 de setembro de 2006.

 

Depois, mudou-se para Ribeirão Preto, para o seminário de sua congregação religiosa. Na época, o então arcebispo, Dom Joviano de Lima Júnior, recebeu-o com carinho fraterno e lhe concedeu o cargo de vigário geral na arquidiocese. Atualmente reside no mesmo local.

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