No dia 23 de janeiro de 2025, após quinze anos, reencontrei-me com Lucimara Trevizan no Pontifício Colégio Pio Brasileiro. Ela foi minha professora no curso de filosofia e no primeiro ciclo de teologia. Ela veio a Roma, em nome da Arquidiocese de Belo Horizonte, para receber o Ministério do Leitorado durante rito presidido pelo Papa Francisco. Foram quatro dias de convívio próximo e de peregrinação pelos principais lugares santos e turísticos da Cidade Eterna.
Caminhamos a pé, tomamos ônibus e metrô. Visitamos Igrejas, monumentos históricos e universidades. Pausamos o nosso percurso para degustar o bom café italiano, para comer e para descansar. Enquanto tudo isso ia acontecendo, fizemos memória de fatos, de eventos e de pessoas que marcaram a história recente da Diocese de Guaxupé. Ela destacou a bondade de Dom José Lanza.
Foi muito belo fazer memória do tempo em que Lucimara iniciou a sua caminhada eclesial na Paróquia de São Sebastião de Vila Cruz, em Poços de Caldas, quando os Oblatos de Maria Imaculada faziam a cura pastoral daquela comunidade! E fazer memória também da sua jornada de estudos teológicos em Belo Horizonte. E o fazer memória foi se desenrolando num crescendo. Passamos pelos tempos permeados de entusiasmo e de desafios em que ela desempenhou sua missão no âmbito diocesano da animação catequética, da animação pastoral, da formação do laicato e da formação acadêmica dos futuros padres.
Lucimara ficou encantada com a beleza arquitetônica e artística das Igrejas que visitamos! Na Igreja de Jesus, ela se deteve em silêncio orante diante do túmulo de Santo Inácio de Loyola e do Servo de Deus Padre Pedro Arrupe que foi Prepósito Geral da Companhia de Jesus num contexto difícil após o Concílio Vaticano II. Padre Arrupe ensinou a necessidade e a beleza de ser “homens e mulheres para os outros.” Esse ensinamento do “Papa Negro”, como é chamado o Prepósito Geral dos jesuítas, ilustra a missão e o legado da Lucimara em Guaxupé.
Chamou-me a atenção uma bonita confidência que Lucimara me fez. Ela contou que durante a posse canônica de Dom José Mauro, quando Dom José Geraldo a chamou para integrar o grupo que faria a entrega do báculo ao novo bispo, naquele momento preciso da entrega solene, ela compreendeu que a missão dela em Guaxupé havia chegado ao fim e que um tempo novo começava a se descortinar.
Enfim, no domingo dedicado à Palavra de Deus, Lucimara participou da Eucaristia presidida pelo Papa Francisco e foi instituída no Ministério do Leitorado. A liturgia foi belíssima! Ela teve a oportunidade de saudar o Bispo de Roma e recebeu das mãos dele a Bíblia Sagrada, uma edição da Nova Vulgata. É usança na Igreja que a recepção de um ministério seja precedida por um momento de preparação espiritual. Lucimara se preparou para esse momento tão importante caminhando pelas ruas de Roma, rezando a sua própria história que toca, diretamente, a história da Igreja Particular de Guaxupé.
Pe Robison Inácio de Souza Santos, doutorando em Teologia Dogmática na Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma.



