Por Padre Francisco Albertin Ferreira, coordenador dos Grupos Bíblicos de Reflexão
Para os católicos do Brasil, o Dia da Bíblia é comemorado no último domingo de setembro, desde 1947, isto se deve ao fato de 30 de setembro ser o dia de São Jerônimo que traduziu a bíblia do hebraico, grego e aramaico para o Latim a pedido da Igreja Católica, na tradução que ficou conhecida como Vulgata.
O mês da Bíblia começou em 1971, pela CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) e sempre com um livro bíblico e um lema inspirador. Em 2024 foi escolhido o Livro de Ezequiel e o lema: “Porei em vós meu espírito e vivereis”(cf. Ez 37,14). O presidente da Comissão para a Animação Bíblico-Catequética, Dom Leomar Antônio Brustolin salienta que a celebração do mês da Bíblia em todo o Brasil é expressão de sinodalidade e que as comunidades possam conhecer mais a Palavra de Deus, rezar, meditar, anunciar e testemunhar esta Palavra.
Ezequiel cujo nome significa: “Deus é minha fortaleza ou força”, era sacerdote e filho de Buzi (cf. Ez 1,3). Exerceu sua atividade profética entre os anos 593-571 a.C e utiliza do gênero literário da teofania. “Estando eu junto com os exilados à beira do rio Cobar, de repente se abriram os céus e eu tive visões divinas” (Ez 1,1). Deus pede para ele: “Filho do homem, come o que tens aí, come esse rolo e vai falar à casa de Israel”. ‘Eu abri a boca e ele me fez comer o rolo’” (Ez 3,1-2). “Filho do homem, põe em teu coração as palavras que eu te disser e escuta-as com teus ouvidos. Vai, dirige-te aos exilados, teus compatriotas. Fala, dizendo-lhes: Assim fala o Senhor DEUS – quer ouçam, quer não” (Ez 3,10-11).
Conforme é do nosso conhecimento o Exílio da Babilônia aconteceu entre os anos 586-538 a. C. Deus deixou bem claro ao profeta que o povo era rebelde, de cabeça dura e de coração de pedra.
Na parte que engloba os capítulos 33—39 se refere a restauração do povo e uma nova aliança: Deus, como Pastor virá e apascentará suas ovelhas, cuidando de cada uma delas (Ez 34). “Eu vos darei um coração novo e porei em vós um espírito novo. Tirarei de vosso corpo o coração de pedra e vos darei um coração de carne. Porei em vós o meu espírito e farei com que andeis segundo minhas leis e cuideis de observar os meus preceitos. Habitareis na terra que dei a vossos pais. Sereis o meu povo e eu serei o vosso Deus” (Ez 36,26-28).
Tudo isso nos leva a uma das visões enigmáticas e de um grande sentido espiritual. A visão de uma planície repleta de ossos ressequidos (Ez 37,1-14), que simboliza toda a casa de Israel que está no exílio e escravizada, como que morta, sem vida, sem liberdade, sem sonhos e sem esperança. “Eu vos farei sair de vossos sepulcros, ó meu povo, e vos conduzirei para a terra de Israel. […] Porei em vós meu espírito e vivereis” (cf. Ez 37,12.14).
Dom Leomar afirma que refletir sobre o profeta Ezequiel, pode-se responder ao convite feito pelo nosso Papa Francisco à preparação para o Jubileu 2025. “O convite para que sejamos peregrinos de esperança nos faz ser como Ezequiel: arautos da esperança em meio àqueles que, porventura, possam ter se esquecido de Deus ou perdido o seu caminho”.
Que as nossas comunidades possam estudar o livro de Ezequiel, refletir e meditar a profundeza teológica desta mensagem de vida, esperança, restauração e de uma vida nova.