QUEM NOS SEPARARÁ DO AMOR DE DEUS? (Rm 8, 35)
Dom José Lanza
Considerar o fato da morte de Jesus, após sua crucificação, não exige que se tenha uma experiência de fé, pois nisso também creem os judeus e os pagãos, isso seria simplesmente considerar um fato histórico. Porém, para nós que cremos e valorizamos o dado da fé cristã, é a Ressurreição de Cristo que consideramos como um grande evento da História da Salvação e, assim, cremos que Jesus Cristo verdadeiramente ressuscitou.
Estamos vivendo tempos difíceis e sem respostas para muitas situações, perguntas e dúvidas. A pandemia evidenciou e ampliou o sofrimento, a solidão, a pobreza e as injustiças, já presentes no período pré-pandêmico.
Temos experimentado o desânimo, a decepção, o cansaço e, até mesmo, a amargura conformista, que nos tira a esperança, tem se apoderado do nosso olhar. Durante o tempo pandêmico, todos sofremos pela perda de pessoas próximas e queridas; foi nos tirado até a digna despedida de nossos falecidos.
Muitos se foram sem a oportunidade de velar seu falecido, ficaram com a imagem de sua entrada no hospital e ali ocorreu o último encontro. Ao que parece ali, foram sepultadas a esperança de vida eterna e a confiança do encontro definitivo com o Senhor. Experimentamos a frieza diante da morte, empurrados para dentro de uma visão puramente pragmática, materialista e profundamente desumana.
É necessário anunciar com toda força a Ressureição do Senhor e acreditar no poder do Filho de Deus que venceu a morte, a escuridão, para que uma nova luz brilhe para todos que acreditam. Numa realidade absolutamente materialista, o que vale é só o que se constrói nesta vida, porém para nós cristãos isso é frustrante e muito pequeno em relação às promessas feitas por Jesus: “Na casa de meu Pai há muitas moradas” (Jo 14, 2). O ser humano é feito para o absoluto que já começa nesta vida e tem seu fim último no encontro eterno com o Criador, nosso Pai.
Queremos, neste mês de novembro, quando recordamos nossos falecidos, lembrarmos e rezarmos o que nos diz o prefácio para a missa dos fiéis defuntos: “Nele (em Cristo) brilhou para nós a esperança da feliz ressureição. E, aos que a certeza da morte entristece, a promessa da imortalidade consola. Senhor, para os que creem, a vida não é tirada, mas transformada. E desfeito o nosso corpo mortal, nos é dado no céu, um corpo imperecível” (Missal Romano, p. 462).
Nada mais justo do que celebrarmos com respeito e dignidade aqueles e aquelas que já se encontram na casa do Pai. Vivamos motivados e esperançados das promessas de Cristo de um dia estarmos todos reunidos na casa do Pai.